Nunca tinha ido numa BGS (Brasil Game Show). O meu universo gamer é muito concentrado nos filhos, mas tenho minha pequena participação nesse mundo com meu Sniper Elite. Minha forma de jogar é bem diferente do jeito frenético que meus filhos jogam. É mais lento, focado, estratégico.
Na BGS, o "negócio" é tratado de outra maneira. Ele vem primeiro com a roupagem da paixão por uma marca, um jogo, um tipo de equipamento. Tem a ver com ver gente famosa, ser famoso por um minuto, testar antes de todos o jogo do ano que vem, desfilar de Cosplay. O público, afoito por seus 5 minutos de glória ou suas 5 “selfies” com seus Youtubers ou Gamers favoritos. Filas intermináveis para se conseguir isso.
Como eu não era o público alvo do evento, puder navegar nos meus pensamentos de forma mais fácil. Minha experiência com feiras de eventos são fundamentalmente as feiras de negócios. Minha cabeça frita com tanta informação. Analisei o design dos estandes, fluxo de pessoas, abordagem dos stands com os visitantes, níveis de interação, o que estava sendo vendido ou mostrado.
Me chamou muito a atenção a quantidade de pessoas com a palavra influencer estampada na camiseta. Lembrei do Seu João, do sacolão aqui perto de casa, que me chama pelo nome e sabe que tipo de frutas eu gosto. Ele é meu influencer. Ou de alguns Gurus que sigo em mídias sociais, especializados em criatividade, design, mkt ou 3D. Vou mais longe e me lembro de tantos influencers que tive na vida, desde os primórdios do meu curso de edificações. Em outra época nós os chamávamos de Heróis, Mestres, Mentores. Eles falavam e ditavam regras e uma geração as seguiam pois éramos influenciamos por elas.
Nossos heróis tinham bagagem, história, tinham errado e acertado muito, tinham lido mais coisas e pensado a respeito de como lidar, criticar ou usar tudo aquilo, tinham referências e finalmente, também tinham seus heróis e seus influencers. Penso que ser influenciado não é ruim, mas saber mais a respeito de quem nos influencia é sempre importante. Me assusta um pouco a pouca bagagem de alguns influencers, precisa mais que uma camiseta, pois eles podem mudar algumas vidas.
Outra experiência interessante foi a visita a alguns estandes de equipamentos eletrônicos. Estou à procura de um mouse novo para meus projetos de 3D. Andei ouvindo que mouses gamer poderiam também ser uma boa opção. Duas surpresas interessantes. Num dos espaços sou abordado por um vendedor, me apresentei e apertei a mão dele. Ele olha pra mim e fala, “Nossa! Aperto de mão é raro por aqui. As pessoas mal olham na cara e quando cumprimentam só levantam a mão e dão um ‘oi’”. Me diverti pensando que não sou público da feira mesmo!
No estande ao lado o vendedor tentou me empurrar um mouse. Me listou as infinitas funções do equipamento não se importando com a necessidade de uso que eu tinha. Junto com essa lista de multifunções, o vendedor incluiu uma série de asneiras, acreditando que minha barba branca era sinônimo de defasagem tecnológica. Mas por trás da barba branca tem 35 anos de uso de computadores de ponta. No final, dei uma aula de tecnologia para ele e saí sem o mouse que procurava. Mesmo se tivesse por la, talvez não tivesse levado.
Uma coisa é certa. A BGS foi acima de tudo um desfile de novas profissões: Influencers, gamers, comentaristas de games e novos padrões de comunicação e de serviços. Fica o desafio para estes novos profissionais conhecerem melhor seu público. Para nós, que atravessamos gerações, entender como a comunicação muda e como precisamos entender bem quem é e como funciona o nosso cliente. Como diz o Seu João, “Não leva o abacaxi hoje não! Ele não está como você gosta!”.
Sucesso para todos.
Mauricio Landini
Founder and Director Agência Landini
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